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Organizações infinitas com Cristiano Kruel

Nesta entrevista, conversamos com Cristiano Kruel, Chief Innovator Officer da StartSe e autor do livro Organizações Infinitas, que fala sobre a importância das empresas se atualizarem o tempo todo.

Em um mundo em constante mudança, o surgimento de outras tecnologias e soluções é capaz de reinventar mercados e transformar, do dia para a noite, negócios estabelecidos como obsoletos. 

A maior preocupação das organizações, hoje, é a obsolescência. Afinal, ninguém quer perder importância, como foi o caso de locadoras de vídeo, por exemplo, que caíram no esquecimento com a chegada da Netflix.

Nesta entrevista, conversamos com Cristiano Kruel, Chief Innovator Officer da StartSe e autor do livro Organizações Infinitas, que fala sobre a importância das empresas se atualizarem o tempo todo. Ele dividiu conosco várias dicas práticas e exemplos que mostram como as empresas podem se manter relevantes no mercado.

Você pode nos dar algumas sugestões e estratégias para garantir a perpetuidade das empresas?

Devo começar lembrando que ‘existem alguns infinitos mais longos que os outros’. Portanto, o adjetivo ‘infinito’ que utilizamos aqui no nosso contexto das organizações – que pode até parecer exagerado ou uma utopia – serve para alertar e desafiar a liderança das empresas para a necessidade de se reinventar continuamente. 

Geralmente podemos identificar as ‘organizações infinitas’ quando sua história mostra diversos momentos de resiliência para superar adversidades e coragem de nunca parar de inovar. Mas não existe uma lista oficial ou critério fácil, pois o tempo pune. Organizações que um dia já foram ‘infinitas’ eventualmente deixam de ser, já que elas se perdem na soberba do sucesso do passado. 

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E quais são exemplos de negócios que se tornaram obsoletos?

O infinito encurta quando uma empresa acaba, fecha ou quebra.  Mas o infinito vai encurtando diariamente quando a empresa não se desenvolve, vai perdendo relevância, o ‘tempo de bola’, a conexão com os novos tempos; quando ela fica presa num sucesso do passado e eventualmente se torna o que alguns chamam de ‘organizações zumbis’. 

Um caso para exemplificar quão impressionante pode ser a perda de relevância de uma empresa é a empresa americana Sears, um ícone do varejo: 

  • nos anos 1960, ela representava 1% do PIB dos USA e quase 1 em cada 200 empregados assalariados no país trabalhava na Sears; 
  • nos 1970s, 2/3 da população comprava regularmente nas lojas da Sears e quase metade das residências tinha alguém com cartão de crédito da Sears; 
  • nos anos 1980, a Sears era 10 vezes maior que o Walmart; 
  • em 2018, pediu falência (estes dados estão descritos no livro Invisible Solutions, de Stephen Shapiro). 

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Como uma empresa deve agir a fim de se tornar infinita? 

Empresários e executivos precisam dominar os fundamentos da boa gestão. Fazer isso é importante, mas apenas isso não é mais suficiente. Então, nós definimos quatro dimensões que nos provocam agir além do básico e óbvio da gestão de um negócio. Resumindo: 

  • Precisamos criar estratégias mais visionárias e versáteis. Visionárias, pois propósitos fortes atraem pessoas boas para comprar, investir e trabalhar conosco; versáteis, pois o grau de incertezas tende a crescer em todos os setores, e estratégia exige bem mais que apenas um planejamento. 
  • Precisamos desafiar o nosso modelo de negócios atual e ficar muito mais atentos aos clientes do que aos concorrentes; afinal, quem só fica cuidando dos seus concorrentes acaba esquecendo de encantar seus clientes. 
  • Precisamos desenhar operações mais ágeis, simples e versáteis; na prática, hoje, isso significa orquestrar times enxutos e colaborativos e amplificar o poder humano com Inteligência Artificial. 
  • Precisamos nutrir uma cultura de humildade, curiosidade e diversidade, em que as pessoas se respeitam e estão sempre querendo aprender e evoluir. 

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O que significa se renovar constantemente sem perder o propósito? Pode dar alguns exemplos?

Um objetivo tende a ser algo mais finito, enquanto um propósito tende a ser algo mais infinito. Bons propósitos trazem dois valores bem práticos. O primeiro é ser engajador e se tornar um ímã de bons clientes, talentos, parceiros e investidores. O segundo é não limitar estrategicamente o que a empresa pode fazer no futuro, ou seja, definir menos o que ou como a empresa faz algo, e mais por que ela existe. Propósitos estreitos limitam o infinito, mas propósitos vagos não dão direção.

Podemos observar no mercado brasileiro uma sutil (mas importante) mudança na apresentação de algumas empresas. A Porto Seguro agora é Porto. A Via Varejo agora é Via. A Baterias Moura agora é Moura. O Nubank agora é Nu. 

Como pequenas e médias empresas podem se manter atualizadas sobre as mudanças no mercado?

Já houve um tempo em que ‘inovar era legal’. Mas caminhamos para um tempo em que ‘inovar será essencial’. Mas o que é inovação? Inovar, essencialmente, significa aprender o que os outros não aprenderam (ainda). Inovar é descobrir fazendo, e não falando que vai fazer. Mas para isso precisamos aumentar o repertório dos nossos times e de nós mesmos. 

Os líderes das empresas – independente do tamanho ou do setor – deveriam trimestralmente fazer a sua lista pessoal  de autoaprendizagem, que deveria incluir ao menos um item novo para aprender em cada uma das seguintes categorias: (i) potenciais mudanças tecnológicas, (ii) potenciais mudanças de mercado, (iii) potenciais mudanças nas práticas de gestão. A StartSe na qual vivemos é uma fonte para tudo isso, visto ser  o que nos desafiamos a fazer continuamente.

Aprender a desaprender: entenda o que é desaprendizagem

O que significa ter uma cultura de inovação contínua e inclusiva?

Nutrir uma Cultura de Transformação Contínua e Inclusiva nos ajuda a entender dois valores fundamentais. O primeiro é reconhecer que o verdadeiro desafio não é promover ‘uma transformação’ (digital, tecnológica, produto, negócio…), mas sim manter-se transformando, sempre. O segundo é reconhecer que as pessoas são diferentes, e respeitar essas diferenças – além de humano e certo –, é um ingrediente fundamental da inovação: pessoas diferentes tendem a criar soluções mais inovadoras, lucrativas e justas.

E, aí, pronto para fazer a sua empresa se tornar infinita? Uma das técnicas que você pode incluir nessa estratégia é o growth hacking. Ele nada mais é que a realização de testes e análise de resultados para aprender com os erros e os acertos. Confira como aplicar na sua empresa.

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